sexta-feira, 16 de julho de 2010

LOUVAI A DEUS!

Aleluia! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder.
Louvai-o pelos seus poderosos feitos; louvai-o consoante a sua muita grandeza.
Louvai-o ao som da trombeta; louvai-o com saltério e com harpa.
Louvai-o com adufes e danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com flautas.
Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o com címbalos retumbantes.
Todo ser que respira louve ao SENHOR. Aleluia!
Se o salmo 100 fala do louvor da igreja, no templo, o Salmo 150 fala do louvor cósmico, universal, extensivo a toda criação. Ele é a doxologia universal que encerra o livro dos Salmos. É uma exortação para que todo ser que respire louve ao Senhor. A palavra “LOUVOR”, ênfase teológica do Salmo 150, é tão simplesmente o ato de elogiar a outro superior ou que fez algo digno de elogio. Louvor não é necessariamente um ato de cantar, é mais amplo e abrangente do que simplesmente cantar. Louvar é elogiar, exaltar, magnificar ao Senhor pelo o que Ele é, em primeiro lugar, e pelo o que Ele fez, faz e fará pelo seu povo e pelos que não são, em segundo lugar. O louvor pode se dar por meio de cânticos, leitura e meditação na Palavra, ouvindo sermões, orações, ações de graças, votos, batismo, ceia do Senhor, evangelismo, cuidando misericordiosamente do próximo, sendo um bom mordomo dos bens que o Senhor entrega a nós, dizimando, ofertando, estudando e trabalhando. Se for um sapateiro, fazendo o melhor sapato, se for carpinteiro, fazendo o melhor trabalho possível com a madeira; sendo honesto, quando ser desonesto é o normal; não difamar, não fofocar, não mexericar, não maldizer, não intrigar porque a sua língua e a sua vida, como um todo, deve bendizer ao Senhor!

1. ONDE LOUVAR? (v. 1):
1Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder.
A Bíblia fala dos “santuários de Deus”: Ó Deus, tu és tremendo nos teus santuários (Sl 68.35). A idéia aqui é de que Deus deve ser louvado onde Ele se fizer presente. “Santuário” e “firmamento” indicam que Deus deve ser louvado até onde o seu poder se estende (1Rs 8: 39, 43). No salmo 148, o louvor a Deus brota “do alto dos céus” – anjos, legiões celestes, sol, lua, estrelas luzentes, céus dos céus, e águas que estão acima do firmamento (v1-6) “e da terra” – monstros marinhos, todos os abismos, fogo e saraiva, neve e vapor, ventos procelosos, montes, outeiros, árvores frutíferas, cedros, feras, gados, répteis, voláteis, reis da terra, todos os povos, príncipes, juízes, rapazes, donzelas, velhos, crianças e o povo de Deus . (v.7-14). Deus, em todos os lugares, deve ser adorado!
2. POR QUE LOUVAR? (v.2):
2Louvai-o pelos seus poderosos feitos; louvai-o consoante a sua muita grandeza.
Temos aqui duas razões fundamentais para a adoração. O que Deus faz (seus feitos) e o que Deus é (grandioso). Estas duas razões são as bases da adoração na Bíblia e aparecem muitas vezes nos Salmos. (Sl 117; 95; 107; 146). Tristemente, a maior parte dos cristãos de hoje são afeitos ao condicionamento de só louvar a Deus quando Deus faz coisas por nós e não pelo o que Ele é. Deus, porque é tudo em todos (1Co 12: 6) e faz sem e com os seres humanos e criaturas em geral, deve ser exaltado!
3. COM O QUE LOUVAR? (v. 3-5):
3Louvai-o ao som da trombeta; louvai-o com saltério e com harpa. 4Louvai-o com adufes (espécie de pandeiro que tem pele dos dois lados do circulo) e danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com flautas. 5Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o com címbalos retumbantes.
O texto fala de louvor com instrumentos musicais. Instrumentos de sopro, instrumentos de corda e instrumentos de percussão. O louvor com instrumentos é específicamente para o homem. É privilégio dos que foram criados a imagem e semelhança de Deus.
Um ponto muito discutido aqui é o significado do termo “dança” (mahowal). “Louvai-o com adufes e danças”. Esta expressão aparece também no Salmo 149: 3.
Primeiro, alguns estudiosos questionam a tradução da palavra “mahowl” como “dança”. Defende-se que “mahowl” deriva de “huwl” que significa “fazer uma abertura”, uma possível alusão a um instrumento de “tubos”, uma espécie de “órgão”.
Na realidade esta é a versão de rodapé dada pela King James Version. O Salmo 149: 3 declara: “Louvem-lhe o nome com danças” [ou “com órgão”, no rodapé da KJV]. Na versão revista e atualizada e revista e corrigida já encontramos uma tradução diferente e que corresponde melhor ao contexto. Em Salmos 150: 4 lemos: “Louvai-O com adufes e com danças” [ou “órgão”, rodapé da KJV].
Segundo, é de fato estranho que no meio de uma relação de instrumentos, apareça uma “expressão física”. Observe que em ambos os textos, Salmos 149: 3 e 150: 4, o termo ocorre no contexto de uma lista de instrumentos a serem usados no louvor ao Senhor. No Salmo 150 a lista possui oito instrumentos: trompete, saltério, harpa, adufes, instrumentos de corda, órgãos, címbalos sonoros, címbalos retumbantes (KJV). É mais lógica a tradução de mahowal como um instrumento musical, seja qual for a sua natureza.
Terceiro, ainda que a palavra mehowlah seja traduzida por “dança”, o seu contexto prático não é o culto solene. A palavra hebraica mehowlah é traduzida como dança sete vezes. Em cinco das sete ocorrências a dança é feita por mulheres na celebração de uma vitória militar (1Samuel 18: 6; 21: 11; 29: 5; Juízes 11: 34; Êxodo 15: 20). Miriam e as mulheres dançaram para celebrar a vitória sobre o exército egípcio (Êxodo 15: 20). A filha de Jefté dançou para celebrar a vitória de seu pai sobre os amonitas (Juízes 11: 34). Mulheres dançaram para celebrar a matança dos Filisteus por Davi (I Samuel 18: 6; 21: 11; 29: 5).
Nas duas ocorrências restantes, mehowlah é usada para descrever a dança dos Israelitas, nus, ao redor do bezerro de ouro (Êxodo 32: 19) e a dança das filhas de Siló nas vinhas (Juízes 21: 21). Em nenhum destes exemplos a dança é parte de um serviço de adoração. A inserção de qualquer elemento de dança, balada ou coreografia constitui-se, portanto, numa total discrepância com o relato da Escritura. No templo só se usava instrumentos de sopro e de cordas, ou seja, não existiam instrumentos de percussão (1Cr 25: 6), justamente para não incentivar uma inadequada expressão diante do Senhor. Isso implica, para nós hoje, numa busca por um piedoso cuidado com os ritmos das músicas no momento do culto da igreja. Nem todos os ritmos são adequados para o louvor comunitário, pois podem suscitar expressões corporais não ensinadas por Deus para esse momento de culto solene ou mesmo agitações e inquietações mentais nos que estão prestando um culto, que deveria ser racional, discernível, com um sentimento genuíno, munido de contrição e esperança pelo grande e glorioso dia e atentos a centralidade da existência da igreja – Cristo, a Palavra de Deus.
Aqui, em especial, o Salmo 150, no seu primeiro verso, já nos apresenta o âmbito dessa adoração, não fazendo qualquer profanação ou inadequação de ambientes. Isto é, o universo é o espaço, e não o culto formal do templo. No templo, como pode ser conhecido por todos, não havia essa expressão tão comum nos cultos modernos. O que Esdras, o provável autor do Salmo, pretendia era que nos lembrássemos que toda a criação é do Senhor e em todos os cantos do universo o Senhor deve ser louvado.
Deus quer ser, portanto, louvado com todos os instrumentos e, mesmo que a palavra “dança” não seja a melhor tradução, as danças louvam a Deus também e ainda que a dança seja incluída no rol do “com o que louvar a Deus?”, o salmo não se refere a esse momento da existência de Israel; contudo, resguarda o seu devido ambiente.
Isso não quer dizer, também, que todas as danças louvam a Deus e são apropriadas para os cristãos. As danças que fazem parte da cultura judaica e que são relatadas na Bíblia, que aconteciam logo depois de uma vitória de guerra ou em demonstração de alegria, não eram danças sensuais, com rebolados sensuais de ancas, dança de casal (as danças eram de roda sem contato físico entre homens e mulheres), danças com roupas que suscitam lascívia, musicais e letras sensuais ou blasfemadoras e muito menos cúlticas, pois as danças cúlticas estavam relacionadas diretamente ao culto pagão-sexual da época. Modernamente se ouve falar de danças na igreja porque na Bíblia fala sobre dança, mas ninguém está disposto a fazer do jeito que acontecia no período bíblico, seja no sentido ruim ou bom. Vigiemos e busquemos discernimento quanto a esse assunto.
4. QUEM DEVE LOUVAR? (v. 6):
6Todo ser que respira louve ao SENHOR. Aleluia!
A exortação é para todos: animais, aves, répteis ou todos aqueles “em que há o fôlego da vida”, incluindo o homem. (Gn 1: 30; 2: 7). Sabemos que a fauna e a flora compõem-se de seres vivos (ou que respiram). “Todo ser” = todo ser criado, criatura (Gn 7.22 e Ap 5.13). A criação animada e inanimada louva ao Senhor. (Sl 96: 11-13; 98: 8; 103: 22; 104: 12; Is 44: 23).
Seria, acima de tudo, uma grandessíssima negligência de nossa parte não louvar a Deus por meio de tudo o que fazemos. Não pensemos, no entanto, que tudo o que fazemos, em si, louva a Deus. Porque, do ponto de vista positivo, aquelas coisas que são agradáveis a Deus, segundo a sua Palavra, é que principalmente louva ao Senhor. O nosso grande erro como cristãos é pensar que enganar um guarda de trânsito, quando estamos levando mais do que a lotação máxima de nossos carros, com a desculpa de que vamos evangelizar, pode ser para a glória de Deus. Deus quer que o louvemos em todos os hábitos de nossas vidas, por meio de princípios e métodos que Ele mesmo instituiu. Pensar que podemos criar métodos acima dos que a própria doutrina bíblica já nos ensina, não somente para evangelizar, mas para tantas outras coisas que muitas vezes passam despercebidas, é trazer engano aos nossos corações – Sola Scriptura. A visão pragmática, utilitarista ou situacionista da vida de adoração, exaltação, glorificação, louvor em nosso dia a dia nos conduz a uma espiritualidade superficial e frágil, baseada tão somente em nós mesmos. Tanto que Deus preveniu a Israel quanto a esse pecado, pois não temos direito de nos esquecer da verdadeira adoração como estilo de vida. Por isso, Deus nos exorta: TODO o ser que respira LOUVE ao Senhor!
Rev. Renan de Oliveira

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