Como bem disse o sábio, “o que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol.”(Ec 1: 9). O histórico de desrespeito às autoridades instituídas por Deus é antigo. Paulo disse que estes foram posicionados por Deus, receberam essa missão da parte do Senhor e todo aquele que se coloca contra uma autoridade, se coloca contra o Senhor (Rm 13: 1-2). Todas as vezes que autoridades foram desafiadas por pessoas inescrupulosas, difamadoras, maliciosas, altercadoras, maldizentes e, assim, carnais, Deus não tardou em colocar as suas amorosas e justas mãos sobre a vida dessas pessoas. Os exemplos de Miriã, quando ficou leprosa (Nm 12: 1-15), e dos filhos de Corá, quando Deus abriu o chão para os “engolir” e mandou uma praga para matar os que haviam se rebelado contra Moisés (Nm 16: 1-50), são uma prova da antiguidade desse pecado no meio da igreja e de como Deus, acima de tudo, não deixa impune o pecado da rebelião contra autoridades.
É importante salientar que mesmo que seja uma atitude normalmente tomada pelos homens e mulheres carnais, Miriã não era carnal, ou seja, uma pessoa ímpia. Portanto, pessoas crentes podem tomar atitudes não condizentes com a Palavra de Deus nesse particular e ser disciplinadas por Deus, sem a Igreja e por meio da Igreja. Vigiai e orai!
Em Galátas capítulo 2 está relatado o episódio onde o apóstolo Paulo repreende o apóstolo Pedro. Lá vemos o quanto é importante a nossa atenção ao que está escrito na Escritura Sagrada e como devemos reagir frente ao erro doutrinário. Entretanto, devemos estar atentos para a esfera da repreensão. Isto é, um apóstolo repreendendo outro apóstolo em público – a questão se deu entre duas autoridades, um apóstolo com outro apóstolo. Comparando esse episódio com a cena em que o sogro de Moisés lhe dá alguns conselhos, vemos que a função do povo de Deus não é guiar os seus guias ou muito menos repreendê-los como se num instante pudesse, por julgamento próprio, se colocar sobre os seus líderes. A forma como Jetro fala com Moisés é uma aula de submissão, sem, contudo, ser omisso. Jetro, depois de ter dado os conselhos que julgava coerentes, baseado naquilo que via acontecer com o povo, disse a Moisés que ele seguiria aquele conselho se Deus mandasse. Ou seja, reconheceu que deveria ser submisso a Moisés, mesmo sendo o sogro dele (Ex 18: 1-24).
Os cristãos diante de uma autoridade que está tomando um caminho errado ou mesmo que esteja claramente em pecado ou fazendo o povo pecar, deve tomar atitudes corretas, pois o erro não valida outro erro, um pecado não justifica outro pecado. Você, meu irmão, precisa tomar como exemplo a boa atitude de Jetro e não tomar a atitude dos filhos de Coré (ou Corá) e de Miriã. Segundo 2Pe 2: 4-11 e Jd 1: 8-10 pessoas que se levantam contra autoridades são adjetivadas de carnais, que é o contrário de espirituais. Muitas vezes em nome da espiritualidade ou de algum tipo de justiça se comete toda sorte de pecados, principalmente contra autoridades.
Em 2Pe 2: 4-11, encontramos uma argumentação interessante. Ele começa listando os atos de juízo de Deus e de justiça na história da redenção. Do verso 4 a 9 há uma nítida enumeração de como Deus foi justo e qual a destinação pretendida por Deus, na eternidade, para os que foram injustos diante de sua presença e para os seus justificados servos. É importante notar que no versículo 10 há a expressão “especialmente”, que estava ligada à argumentação que vinha sendo desenvolvida sobre o juízo de Deus. O ponto da argumentação é: são punidos especialmente os que vivem em suas imundas paixões e menosprezam o governo. Segundo o Apóstolo, são pessoas que vivem segundo a carne e não como os irmãos Noé e Ló viviam – na justiça. E Pedro continua dizendo que são pessoas atrevidas, arrogantes e que não temem difamar autoridades superiores. A verdade poderia também ser perfiladas da seguinte forma: visto que são atrevidos, arrogantes e destemidos em difamar as autoridades, eles são carnais, vivem por suas paixões imundas e, o pior, serão destruídos como foram os pré-diluvianos e os moradores de Sodoma e Gomorra. Ou seja, o inferno foi feito para estes, atrevidos difamadores de autoridades (pastores, presbíteros, diáconos, líderes de departamento, ministérios ou grupos de trabalhos, dos mais variados na igreja).
Em Jd 1: 8-10 nós observamos um pano de fundo um tanto diferente, mas não totalmente diferente, pois estão tratando, mais uma vez, dos que difamam autoridades. Estes são chamados de sonhadores alucinados. Ora, os que difamam autoridade e não reconhecem autoridades instituídas pelo Senhor, pois até o arcanjo Miguel reconheceu que deveria se submeter à autoridade do Senhor, são sonhadores alucinados. O que significa ser “sonhadores alucinados”? Duas são as possibilidades. A primeira é a de que são pessoas cauterizadas e já se desligaram da sensibilidade espiritual para com os seus pecados e vivem como que sonhando ou fora da realidade. No caso especifico, é aquilo que o verso 4 nos diz, são pessoas que querem usar a graça de Deus para desculpar a sua vida libertina. A segunda forma de interpretar é a de que eles não se submetiam às autoridades apostólicas porque diziam receber sonhos com revelações imediatas e orientadoras da parte do próprio Deus. Por isso, Judas os repreende e diz, com todas as letras, que são alucinações e não orientações. Acredito que as duas possibilidades se intercalam e se complementam, pois com base nesses imaginários sonhos reveladores, eles viviam vida dissoluta e tinha as suas mentes cauterizadas, desrespeitando suas autoridades que os repreendiam e os exortava a ter um novo padrão de vida.
Diante de tantas coisas que podem levar frequentadores de igrejas ou mesmo pessoas verdadeiramente crentes a difamar e maldizer atrevidamente aos seus líderes espirituais, enumeraremos algumas delas: 1. Ambição. Ambicionam muitas vezes o lugar que aquela autoridade ocupa, sem, contudo, querer assumir o ônus. 2. Vaidade. Vaidosamente buscam se auto-afirmar sobre uma pessoa que o está orientando, a fim de trazer para si olhares e por fim atenção. 3. Política. Politicamente podem buscar a amizade com determinada autoridade instituída por Deus para no momento certo usar o que ouviu e viu contra aquela pessoa e assim maldizer contra ela e deportá-la da função que exerce. 4. Incredulidade. Incredulamente, porque são descrentes e ímpios entre nós, buscam somente os seus interesses. Se alguma coisa incomoda a vida mascarada que ele leva na igreja, como se Deus não visse tudo, ele se chateia, se revolta, fala “pelos cotovelos”, agride com palavras e cria motins, suscitando partidos e assim divisões. São os velhos altercadores (1Tm 6: 3-5; Tt 3: 1-2), pessoas que gostam de sempre estar envolvidas em escândalos, brigas, polêmicas, disputas acaloradas, problemas, falatórios e tem um desejo todo especial pela primazia, como Diótrefes (3Jo 1: 9). Se for ambicioso, vaidoso, que tem a ver com o orgulho, e político, certamente é um incrédulo no meio da Igreja de Cristo, ou no mínimo um que precisa urgentemente de amorosa e severa disciplina.
Santos do Senhor, não dêem ouvidos aos difamadores de autoridades na igreja. Lembre-se do que Tiago diz, “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” (Tg 4: 17). Seja proativo, não ceda à tentação de deixar também que o pecado se prolifere na igreja e assim tome o espaço. Repreenda essas pessoas que estão falando mal de seus pastores, presbíteros e ou quaisquer outras autoridades, ou mesmo irmãos “iguais”. Se você conhece uma pessoa maldizente em nosso meio, ou com tendências a difamar, mas ela é uma pessoa crente e que cai nesse particular, ajude-a a se livrar de tal pecado, não permitindo que falatórios inúteis cheguem a vossas conversas. Sejam, ó filhos de Deus, ajudadores uns dos outros, exortando o irmão em amor.
Quanto aos descrentes, disfarçados de crentes, ou seja, lobos em pele de ovelha, pois não se sujeitam a autoridades e não se deixam corrigir, que sejam evitados e que seja oficialmente comunicado ao conselho, para que o conselho tome as providências bíblicas, em amor. Atente, você que maldiz ou difama o seu irmão ou autoridades. Gamaliel quando colocado numa situação de juiz contra os apóstolos, pediu cautela para seus pares no julgamento, pois poderiam ser achados por Deus lutando contra Ele. Não é sem propósito que Jesus diz a Saulo, no caminho para Damasco: “Saulo, Saulo, por que tu me persegues?” Sendo que Saulo perseguia aos apóstolos e cristãos em geral, que falavam e viviam o Evangelho pela autoridade, ou poder, que Deus os concedia. Você já parou para pensar que pode estar indo contra o Senhor Jesus Cristo, quando peca contra uma autoridade constituída por Deus? (Rm 13: 1-2)
Rev. Renan de Oliveira
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