Não sei quantos dos irmãos já ouviram falar do “crente vizinho” (risos). É aquele que acha que a grama do vizinho é sempre mais verde. Parece que no meio evangélico de nossos dias é assim, sempre se acha que a grama do “outro aprisco” é mais verde. Coloco a expressão “outro aprisco” entre aspas devido ao fato de que só existe um aprisco (Jo 10: 16).
Quantos de nós já não ouvimos ou vimos histórias de pessoas que mudam de igreja pelos motivos mais fúteis e sem importância? Quais dos irmãos aqui não conhecem pessoas que estão na sua terceira ou quarta igreja e parecem já estar caminhando para a próxima? Pessoas assim não permanecem em igreja alguma. Claro que não estamos dizendo que na grama do vizinho não existam coisas boas. Existem bons trabalhos em outras igrejas, porém, o que mais me chama atenção hoje é a facilidade que os crentes têm para trocar de igreja. Há até caso de pessoas que saíram brigadas (contrariadas), disciplinadas ou que foram excluídas de suas antigas igrejas e mesmo assim acharam outras comunidades para se tornarem membros. Certamente há motivos e (e) motivos para se sair de uma igreja. Conhecemos irmãos santos e honestos que saíram de uma igreja e foram para outra igreja por questões doutrinárias; são, no entanto, a grande minoria. A grande maioria, diria que 95% dos casos, saem pelos motivos mais fúteis, débeis e tolos.
A Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil (CI/IPB) nos orienta a nos submetermos aos presbíteros (docentes e regentes) enquanto estes estiverem em submissão à Palavra do Deus vivo. Quando esses presbíteros não estão ensinando ou resguardando a sã doutrina da Palavra de Deus, segundo a fiel interpretação e exposição encontrada nos nossos símbolos de fé (Confissão de Fé de Westminster e Catecismos de Westminster), os crentes não estão obrigados a permanecer nessa determinada igreja presbiteriana. Numa verdadeira igreja, existirá uma transparente e objetiva fidelidade à Escritura Sagrada, a nossa única regra de fé e de prática. A única autoridade infalível dentro e fora da Igreja. O verdadeiro, único, inequívoco, santo, inquestionável, poderoso e sobrenatural Evangelho deve ser pregado e preservado pela igreja e suas autoridades. Ainda há outra raríssima exceção, daqueles que saem de suas igrejas de origem por questão de divergência doutrinária. Isto é, pessoas que conheceram a doutrina cristã-reformada e foram para igrejas que professem essa mesma fé-bíblico-cristã-histórico-reformada. Além disso, há o motivo geográfico, ou seja, mudança de cidade pelos mais variados motivos. Certamente, a mudança de cidade exige a mudança de igreja.
Todavia, corriqueiramente, as pessoas mudam de igreja pelos seguintes motivos: indisposição não resolvida entre os irmãos; divergência por motivos fúteis ou até mesmo importantes na administração de um determinado trabalho da igreja; não gostam da forma como o pastor fala ou conduz a igreja; não gostam do pastor e de sua família; acham que os presbíteros atrapalham a igreja ou o ministério do pastor, por causa da diferença de nível social, seja para mais ou para menos, por causa de questões doutrinárias como predestinação ou batismo infantil (no caso da IPB), por causa de status; por inveja do que há em outra igreja; por comodismo ou porque não gostam de ser incomodados ou contrariados nos seus intentos ou porque não gostam de ser exortados, repreendidos e corrigidos em suas faltas. Exemplos: na igreja beltrana há um grupo de louvor maravilhoso, que me emociona, na igreja do meu filho há um coral com muitas vozes, na igreja do meu irmão há um pastor que é formado nos Estados Unidos, na igreja da minha mãe não tem há cobrança por santidade, na igreja do meu pai, há mais diversões, os cultos não são tão sérios, solenes, racionais e não há disciplina, na igreja do centro há mais jovens e membros em geral, programações e muito entretenimento para jovens, na igreja do vizinho há uma mensagem motivacional, baseada na crença da auto-estima (nada de pecado), na igreja do vizinho as coisas são mais modernas e mais dentro da realidade dos nossos dias.
Infelizmente, as pessoas querem trazer a cultura do entretenimento, do shopping, da superficialidade bíblico-doutrinária, da não identidade e da não santidade ou piedade bíblica para dentro da igreja. O que constatamos é que, muitos estão na igreja, sem ser realmente da igreja (Mt 13: 24-43). Estão entre nós, mas na verdade não são um dos nossos (1Jo 2: 19; Mt 22: 14; Is 29: 13). Muitas vezes não amam a Palavra, mas amam em profundidade a si mesmos. Vivem a olhar constantemente para o que na igreja vizinha há de melhor para oferecer, e vivem a pular de igreja em igreja ou no mínimo forçando a reprodução daquela prática dentro de suas igrejas (ou seja, mudaram de igreja mesmo permanecendo na igreja que julgam estar “errada” ou “faltando” alguma coisa). Essas pessoas não têm qualquer identidade (são teologicamente híbridas, mesmo que neguem qualquer posição teológica) e costumeiramente criam problemas nas igrejas por onde passam. Andam falando mal dos outros e difamam o próximo. Não respeitam qualquer autoridade e vivem como se respeitassem, contudo, somente diante delas. Pelas costas, no entanto, apunhalam maldizendo e difamando. Pessoas assim são como pacientes querendo dar aula de medicina para médicos.
Diante de tudo o que foi escrito, rogo a Deus pela nossa igreja. Peço ao Senhor que fortaleça a Igreja Presbiteriana de Campina Grande na Palavra, preservando cada crente, a fim de chegarmos juntos a estatura da plenitude de Cristo, como diz o apóstolo Paulo (Ef 4: 11-15). E se você, irmão ou irmã, está com dificuldade para aprender ou entender a sã doutrina, procure os presbíteros e os pastores de nossa igreja, nós estaremos a sua disposição para ensinar e ajudar se você tem alguma dificuldade (1 Tm 4: 6; 6: 3-5; 2Tm 4: 1-5; Tt 1: 9; 2: 1). É imprescindível que o amado irmão ou irmã cresça na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3: 18), para o bem da igreja, para o seu bem e acima de tudo para a glória de Deus. Que a grama (alimento e descanso) de nossa igreja possa ser verdejante e, concomitantemente, abençoadora. Sola Scriptura!
Rev. Renan de Oliveira
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