MUNDO: APEGO OU DESAPEGO?
“.... e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa” (1 Co 7:31).
Qual deve ser a minha atitude em relação às coisas deste mundo? Devo me afastar dele, buscando numa clausura a santificação? Devo ficar nele, mas mantendo uma atitude de rejeição e legalismo? Devo desfrutar dele, mas com um sentimento de culpa, como se eu não estivesse preocupado com minha vida espiritual ou com a eternidade?
Em primeiro lugar, Deus não nos proíbe a utilização do mundo. Devemos esclarecer desde já que “mundo” aqui não significa aquele sistema maligno que se opõe de forma organizada a Deus sob a liderança do próprio diabo. “Mundo”, aqui, significa a realidade prosaica do dia a dia: comer, dormir, trabalhar, comprar, vender, usufruir da vida material e dos relacionamentos humanos. Não é errado casar, criar filhos, fazer uma faculdade ou buscar lazer em uma viagem turística. Na verdade, podemos fazer tudo isso para a glória de Deus (leia 1 Co 10:31). Portanto, Deus não é glorificado por pessoas super-espirituais que, em nome do zelo por Deus, são capazes de matar toda a alegria, julgar injustamente práticas legítimas e punir todos aqueles que não rezam segunda a cartilha de sua tradição humana.
Em segundo lugar, não devemos colocar o coração nessas coisas. É nesse sentido que Paulo nos recomenda a nos utilizarmos do mundo, como se dele não usássemos. Como é possível usar sem usar? Fazemos isso, quando colocamos o mundo no seu devido lugar. Vivemos como seres humanos normais, mas não fazemos daquelas coisas a essência da nossa vida, a fonte da verdadeira felicidade. Infelizmente muitos usam do mundo de forma idolátrica, relegando Deus e o seu reino à periferia dos seus interesses. Quando isso acontece, o uso do mundo deixa de ser legítimo, passa a ser pecaminoso.
Em terceiro lugar, o mundo deve ser usado na perspectiva da eternidade. O mundo passa. Esta vida é passageira. Colocar o coração no temporário é abdicar do que é permanente. Viver em função deste mundo é construir a casa sobre a areia, é viver o hoje como se não houvesse amanhã. Aquele que realmente ama a Deus utiliza-se do mundo, mas seu coração aguarda ansiosamente pelo dia em que todos os prazeres desta vida perderão completamente seu brilho diante da infinita glória de Deus na eternidade. Por isso, o maior desafio da vida é fazer de cada ato comum uma sinalização de que este não é o nosso mundo, pois somos peregrinos e estranhos numa terra que não é o nosso lar.
Como você tem se utilizado do mundo? Se o conteúdo de suas conversas restringe-se à pobreza dos bens materiais, então você deve se perguntar se algum dia chegou a experimentar o gosto da vida eterna. Se você vive constantemente perseguindo o transitório, provavelmente você não sabe o que significar priorizar o reino de Deus. Viva neste mundo. Mas não seja deste mundo. Estude, trabalhe, cultive relacionamentos, desfrute de todas as coisas boas que Deus faz chegar às suas mãos. Seja grato a Deus e seja administrador fiel de tudo o que Deus lhe dá. Mas lembre-se que, cedo ou tarde, estaremos na eternidade. E quando isso acontecer, o que vai valer é o quanto investimos nela!
Rev. Jorge Issao Noda.
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